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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Morre fundadora da imprensa braille no Brasil

                   Morre fundadora da imprensa braille no Brasil

Escrito por Deisy Fernanda Feitosa
Ter, 31 de Agosto de 2010 19:05

O Brasil perdeu, no último dia 29, a professora Dorina de Goveia Nowill, reconhecida pelas iniciativas em prol da inclusão da Pessoa com Deficiência. Ela estava internada no Hospital Santa Isabel, zona oeste de São Paulo, por conta de uma infecção e sofreu uma parada cardíaca. A professora introduziu a imprensa Braille no Brasil e, em 1946, criou uma fundação para assistir de forma gratuita pessoas com deficiência visual, que mais tarde passou a se chamar Fundação Dorina Nowill para Cegos. Dona Dorina tinha 91 anos e deixou o esposo Edward Hubert, os filhos Alexandre, Cristiano, Denise, Dorininha e Márcio Manuel Nowill e 12 netos. Ontem, com o apoio dos amigos e familiares eles prestam a última homenagem à matriarca na sede da fundação.

                                                 Quem foi Dorina Nowill



Há exatamente 74 anos um fato aconteceu a uma jovem de 17 anos que mudou a sua vida: Dorina de Goveia Nowill perdeu a visão de forma súbita e inexplicável pela medicina da época. Mais tarde a tragédia foi superada. Mesmo sem enxergar, Dorina desejava continuar os estudos e obter uma formação, mas no Brasil não encontrou oportunidade, nem livro acessível, nem tecnologia que pudesse ajudá-la em seu sonho. Mudou-se para os Estados Unidos, onde descobriu um mundo de possibilidades, tecnologias e livros, conseguindo, assim, atingir os seus objetivos.
A jovem passou a olhar de forma especial as pessoas que, assim como ela, não podiam utilizar o sentido da visão. E num ato de solidariedade, ao retornar para o seu País trouxe consigo todos os meios disponíveis para ajudá-las. Dessa forma, em 1946, criou a primeira imprensa braille do Brasil, hoje considerada uma das maiores da América Latina. Na época, com a ajuda de amigas, também abriu as portas da Fundação para o Livro do Cego no Brasil, que em 1991, em sua homenagem, passou a ser chamada Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Os fatos relatados reafirmam o provérbio popular “Há mal que vem para o bem”. Neste caso, a Fundação Dorina Nowill para Cegos tem sido um bem para milhares de brasileiros. “Dona Dorina foi precursora de muitos dos conceitos de acessibilidade e da luta pelos direitos da Pessoa com Deficiência no Brasil. Ela também contribuiu para trazer à tona a questão da escola inclusiva e lutou para que as pessoas com deficiência pudessem freqüentar o sistema de ensino regular”, conta Sílvia Troncon Rosa – gerente de captação de recursos da Fundação Dorina Nowill para Cegos.
                         A história da Fundação

A Fundação Dorina Nowill para Cegos foi criada em 1946, na época recebeu o nome de Fundação para o Livro do Cego no Brasil. A iniciativa foi tomada pela professora Dorina Nowill, que com a fundação pôde expandir todas as técnicas inclusivas que aprendeu nos Estados Unidos da América, durante o período que estudou lá. Foi nesse país onde encontrou a possibilidade de ter acesso ao conhecimento acadêmico, mesmo sendo deficiente visual.
Pioneira no Brasil ao pleitear ações em prol da inclusão, a fundação trouxe para o contexto tecnologias inovadoras. Com a gráfica em braille passou a publicar livros e distribuí-los gratuitamente às instituições assistencialistas do País. Em meados de 70 apresentou o livro falado, trazendo a novidade dos audiolivros.
Há cerca de 3 anos passou a publicar livros digitais no formato Daisy, o mais moderno processo de transcrição e produção de livros digitais acessíveis difundido na Europa e nos Estados Unidos. A ferramenta permite a pessoa cega ou com visão subnormal ter acesso à leitura de forma rápida e estruturada. Ela foi a primeira organização a produzir livros em Daisy em língua portuguesa no mundo. O formato foi adotado recentemente pelo Ministério da Educação e é considerado padrão para o ensino fundamental.
Através do protocolo Daisy, a fundação adapta livros de diferentes editoras, incluindo literatura infantil, infantojuvenil e adulta, nacional ou estrangeira e publica tanto os clássicos como os best-sellers. “O grande foco da fundação é garantir o acesso à educação e à informação. A gente acredita muito que a inclusão só é completa quando a pessoa tem acesso à informação no mesmo momento em que todas as outras estão têm acesso, não adianta somente produzirmos livro que foram muito debatidos há 5 anos atrás”, justifica Sílvia Troncon Rosa – gerente de captação de recursos da Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Os títulos são selecionados pela fundação juntamente com bibliotecários, professores e as próprias pessoas com deficiência visual. Em seguida, ela capta os patrocínios, produz os livros e os distribui gratuitamente em todo o País para bibliotecas, escolas, organizações sociais, centros educacionais. Os livros são produzidos com uma tiragem que vara entre 250 e 500 unidades. Atualmente a fundação tem um cadastro com cerca de 1.500 organizações. Ao todo, são 40 mil pessoas beneficiadas pelos livros.
Segundo Sílvia, os projetos são desenvolvidos durante o ano inteiro e as obras são enviadas conforme o interesse específico da instituição cadastrada. “Geralmente os mais solicitados são os clássicos e títulos de interesse geral que fazem parte da formação de qualquer pessoa. A gente também pública os best-sellers e para isso, acompanha a lista dos mais vendidos nos meios de comunicação em todos os formatos”, explica.
A Fundação também possui o "Programa de Atendimento Especializado" que atende, gratuitamente, a bebês, crianças, jovens, adultos e idosos, com cegueira e visão limitada. O projeto é mantido por uma equipe interdisciplinar de profisisonais que atende na clínica de visão subnormal e nos serviços de educação especial e reabilitação. A cada ano, cerca de 1.700 pessoas são são beneficiadas no setor de reabilitação.

                                                    Apoio governamental

A Fundação Dorina Nowill para Cegos está instalada num prédio cedido pela Prefeitura Municipal de São Paulo, através de um convênio. Recentemente firmou um convênio com a Secretaria Estadual do Direito da Pessoa com Deficiência para a produção de livros no formato Daisy, em duas línguas. O primeiro projeto será o dicionário bilíngüe em português – inglês e inglês – português. “Já é uma evolução de formatos, uma atitude pioneira. Hoje no mundo todo eles são produzidos em uma única língua: ou ele é inteiro em português, ou inglês ou espanhol”, observa Sílvia Troncon Rosa.
As organizações interessadas em ter acesso ao material publicado devem entrar em contato para se cadastrar na biblioteca da fundação através do telefone (11) 5087-0990 ou pelo e-mail biblioteca@fundaçãodorina.org.br.

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