Durante o evento aconteceu uma exposição de produtos destinados à TA e um seminário sobre a temática principal. Quem visitou, pôde conhecer produtos com fins de acessibilidade, desenvolvidos por pesquisadores de universidades e empresas do Brasil e do exterior.
Na oportunidade, a Unesp foi representada por integrantes do CPides (Centro de Inclusão, Digital e Social), da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), câmpus de Presidente Prudente. Eles apresentaram o formato do curso a distância de "Tecnologia Assistiva", oferecido pela Universidade para professores de todo o Brasil, em parceria com o MEC (Ministério da Educação). As pesquisas do centro são financiadas pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) em parceria com o Proesp (Programa de Apoio à Educação Especial do MEC).
Segundo a professora Elisa Tomoe Schlünzen, coordenadora do Cpides, o evento foi uma oportunidade de tornar públicas as pesquisas e ações da universidade e divulgá-las não só para a comunidade científica, mas para todos, tanto no aspecto educacional quanto social. “Nós estamos fazendo contato com tudo o que está sendo desenvolvido pelas universidades e empresas relacionadas às TA para melhorar a mobilidade e a comunicação aumentativa. É uma forma de divulgar o trabalho que é realizado na Unesp”, disse.
Curso de Tecnologia Assistiva
O grupo de estudo “Ambientes Potencializadores para Inclusão” (API), da Unesp, desenvolve estudos sobre acessibilidade, estratégias pedagógicas e metodológicas do uso de ferramentas tecnológicas na escola para incluir pessoas com deficiência. Um dos frutos desse trabalho é o curso TA (Tecnologia Assistiva), oferecido 100% a distância. O suporte tecnológico para o acesso às salas virtuais é dado pelo Núcleo de Educação a Distância da Unesp.
O projeto oferece um aperfeiçoamento em Educação Especial a professores da Rede Pública de Ensino, de todos os estados brasileiros, através do AVA Teleduc (Ambiente Virtual de Aprendizagem). Entre 2010 e 2011 estarão sendo oferecidas as terceira e quarta edições do curso, que beneficiará 2 mil professores.
Todo o trabalho local é feito com o apoio das secretarias municipais e estaduais de educação, que prestam assistência ao cursista, oferecendo o acesso aos laboratórios de informática e colocando à disposição professores mediadores.
No curso, o professor conhece diversos recursos para aplicá-los em sala de aula, como os Objetos de Aprendizagem (OA), utilizados para proporcionar autonomia e aprendizado às Pessoas com Necessidades Especiais e/ou com dificuldade de aprendizagem.
Alguns dos softwares explorados no curso de TA também foram desenvolvidos por pesquisadores do NEC/FCT (Núcleo de Educação Coorporativa. Dentre eles: o Fazenda Rived - um aplicativo lúdico e interativo que trabalha com conceitos matemáticos; ScrapBook - um álbum de fotografia virtual em que o aluno trabalha as memórias e autoestima e o "Viagem Espacial" - que trabalha conceitos iniciais de alfabetização, através da formação de palavras.
Para Marcos Leonel de Souza, matemático e tutor do curso de TA, essa é uma oportunidade diferenciada para o professor, pois ao mesmo tempo em que realiza uma formação continuada, pode aplicar na prática as teorias que aprende. "O professor é levado a refletir sobre a importância da inclusão de Pessoas com Necessidades Especiais na escola e tem a possibilidade de desenvolver projetos voltados para as necessidades desses alunos com foco na aprendizagem", explica.
Segundo ele, trabalhar no curso de TA significa ajudar professores a lidar com a inclusão em seu ambiente de trabalho, no caso a sala de aula. "E essa não é uma tarefa fácil. Por meio das orientações que faço e dos materiais disponíveis no ambiente do curso, eles têm a possibilidade de atuar com mais segurança e conhecimento junto aos alunos com necessidade especiais, criando na escolas a cultura de um olhar voltado à verdadeira inclusão que acolhe, ajuda, orienta e desenvolve nos alunos a possibilidade de aprender dentro da sua capacidade", enfatiza.
Souza explica ainda que o curso a distância nos moldes do TA favorece o aprendizado porque o cursista realiza suas atividades onde e quando quiser e recebe total acompanhamento. "Ele não fica preso à concepção de tempo/espaço. Além disso, o TA utiliza a abordagem do 'Estar Junto Virtual', em que o cursista tem o acompanhamento de tutores online para ajudá-lo. A dinâmica do curso proporciona uma aprendizagem contextualizada com a sua realidade de trabalho, ao propor atividades que o leva a refletir sobre a prática pedagógica que adotou", finaliza.
O MEC, por intermédio da Secretaria de Educação Especial (Seesp), já investiu aproximadamente um milhão de reais para a manutenção desse curso e das bolsas de pesquisadores, formadores, tutores a distância e secretários.
Marcos Souza: "Lidar com a inclusão na sala de aula não é uma tarefa fácil"
A dinâmica do curso de TA e o uso de Objetos de Aprendizagem
Depoimentos
Professores que participaram do curso de TA dão depoimentos sobre a experiência:
Elenise Hernandez Goulart 24/09/2009 – Porto Velho (RO)
“ O curso de TA me fez repensar sobre como podemos fazer diferença na vida de nossos alunos, tanto para ajudá-los como muitas vezes, sem querer, atrapalharmos, pois, depois de conhecer um pouco mais sobre TA eu percebi que bem no comecinho da minha vida de professora, deixei de fazer pequenas coisas que teriam melhorado muito a aprendizagem de determinados alunos. Hoje, vejo que usei muita TA sem saber que a usava, também deixei de usá-las por não saber se iriam dar certo, mas sempre acreditei no potencial de meus alunos e sei que se cada professor buscar a utilização desses recursos maravilhosos em prol da melhoria da aprendizagem, um grande passo será dado na inclusão de nossos alunos especiais.”
Guélter Ferreira Lemos 29/09/2009 – São Luís (MA)
“A partir desse curso, da troca de experiências com os colegas e das professoras eu consigo analisar, compreender, repensar, modificar minhas práticas pedagógicas. Sou novo na área de Educação Inclusiva e sou muito grato por passar por essa experiência, tirando dúvidas, ouvindo e aprendendo. Tenho duas formações: Educação Fisica e Fisioterapia. Então posso dizer que atuo em dois campos: saúde e educação. E sinceramente, nunca aprendi tanto como estou aprendendo agora. Nas minhas formações, principalmente na Fisio, estudei síndromes, deficiência e sequelas e consequentemente como tratá-las. Mas tá sendo aqui que estou aprendendo a compreendê-las de forma humanizada. O engraçado é que na saúde nós buscamos um atendimento humanizado e pra isso fazemos encontros, palestras e cursos que na maioria das vezes de nada adianta, pois não buscamos o feedback dos nossos pacientes, coisa que aprendi aqui.”
Gracy Mary Conceição Monteiro 03/10/2009 São Luís (MA)
“Com o curso estou conhecendo, descobrindo, as diversas formas da tecnologia assistiva ´disponível´ para oferecer qualidade de vida às pessoas com deficiência. Como educadores é preciso que tenhamos consciência de que não bastam recursos tecnológicos para que a inclusão aconteça, antes de qualquer recurso, é necessário que reflitamos sobre o nosso papel enquanto educadores, sobre a qualidade do ensino que o sistema público oferece ao seu alunado, seja ele, especial ou não. A TA é de fundamental importância para o atendimento aos alunos com Necessidades Especiais, mas ela por si só não resolverá os problemas educacionais desses alunos, é preciso que todos os envolvidos nesse processo tenham vontade, estejam dispostos a mudar a triste realidade educacional na qual estamos inseridos. As experiências e idéias aqui trocadas nos fazem pensar, refletir sobre a nossa prática e com certeza todo esse aprendizado irá propiciar mudanças significativas em nossa vida profissional”.
Matéria: Deisy Fernanda Feitosa
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