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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Depositar conhecimentos? Alunos- clientes?????

EDUCAÇÃO BANCÁRIA, PEDAGOGIA LIBERTÁRIA



CAPÍTULO III - A HETERONOMIA A QUE PAULO FREIRE SE OPÕE

3.6 - CONCEPÇÃO BANCÁRIA DA EDUCAÇÃO E A OPOSIÇÃO PROFESSOR/ALUNO



      Exemplo de educação antidialógica é a "concepção bancária da educação" (FREIRE, 1983, p. 66), a qual mantém a contradição entre educador-educando (cf. idem, p. 67). A concepção bancária distingue a ação do educador em dois momentos, o primeiro o educador em sua biblioteca adquire os conhecimentos, e no segundo em frente aos educandos narra o resultado de suas pesquisas, cabendo a estes apenas arquivar o que ouviram ou copiaram. Nesse caso não há conhecimento, os educandos não são chamados a conhecer, apenas memorizam mecanicamente, recebem de outro algo pronto. Assim, de forma vertical e antidialógica, a concepção bancária de ensino "educa" para a passividade, para a acriticidade, e por isso é oposta à educação que pretenda educar para a autonomia.
      Freire denuncia que a narração e a dissertação são características marcantes da educação bancária. "Narração ou dissertação que implica num sujeito - o narrador - e em objetos pacientes, ouvintes - os educandos" (ibid, p. 65). Mantendo a contradição entre educador e educando, a narração não promove a educação: "narração de conteúdos que, por isto mesmo, tendem a petrificar-se ou a fazer-se algo quase morto" (ibid). Essa educação apresenta retalhos da realidade de forma estática, sem levar em conta a experiência do educando. "Desta maneira, a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante" (ibid, p. 66). Por isso, Freire a chama de concepção "bancária da educação" (ibid, p. 67), em que cabe ao educando apenas ser depósito, arquivar informações. Mas, como nos fala Freire, "os grandes arquivados são os homens" (ibid), na medida em que essa educação sem práxis nega a criatividade, não há transformação, não há saber, os homens não podem tornar-se autônomos. A visão bancária possui papéis rigidamente definidos, o educador é o sábio que possui o conhecimento enquanto o educando é sempre aquele que não sabe. Em resumo, o educador é que educa, sabe, pensa, diz a palavra, disciplina, opta e prescreve a opção, atua, escolhe o conteúdo programático, identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, e finalmente, é o sujeito do processo. Os educandos, ao contrário, são educados, não sabem, são pensados, escutam docilmente, são disciplinados, seguem a prescrição, têm papel passivo, não são ouvidos, devem adaptar-se às determinações do educador, e são meros objetos (cf. ibid, p. 66-67). Por isso, nessa visão distorcida de educação os homens são seres de adaptação e ajustamento. O problema é que quanto mais são tratados como depósitos, menos serão capazes de consciência crítica e de libertarem-se da situação de opressão. Essa educação autoritária inibe a capacidade de perguntar, poda a curiosidade (cf. FREIRE e FAUNDEZ, 1986, p. 46), gera um homem passivo, ingênuo, que não é capaz de um pensar autêntico. Assim, há a aceitação passiva das estruturas que tornam os homens seres para outro, heterônomos. Ela, em vez de transformar o homem em ser autônomo, de realizar sua vocação de Ser Mais, o torna autômato46, o que é uma forma de heteronomia.
      A educação bancária mantém a "inconciliação entre educador-educando" (FREIRE, 1983, p. 71) e também sugere uma "dicotomia inexistente homens-mundo" (idem), na medida em que põe os homens como meros "espectadores e não recriadores do mundo" (ibid). Por isso, a educação bancária condiciona as pessoas para que se adaptem ao mundo, vivam nele aceitando a opressão sem se revoltar contra os patrões, os governantes, ou quem quer que possa os oprimir. Ou seja, para que trabalhem, cumpram as leis, sem questionar o próprio papel que ocupam na sociedade. Isso nega o homem como sujeito de suas ações e como ser de opção. Dessa forma, a educação bancária é educação como prática da dominação, mantém o educando na ingenuidade e assim, ele se acomoda ao mundo de opressão, permanecendo na heteronomia.
      Ainda, a educação bancária com a pura transferência de conteúdos, a não participação do educando na produção do conhecimento, é um dos elementos responsáveis pela desmotivação, pela falta de interesse em estudar o que é "passado" em sala de aula (cf. FREIRE e SHOR, 1987, p. 15s). Freire chama a atenção para um produto genuíno da educação bancária, os altos índices de déficit quantitativo e qualitativo na educação, que constituem obstáculo para o desenvolvimento do país e para sua emancipação. Segundo Freire (1997, p. 11), o termo evasão escolar é ideológico, pois é posto de uma forma a dar a entender que as crianças estão fora da escola por vontade delas, mas na verdade elas são expulsas da escola, excluídas especialmente pela organização bancária. O termo correto é "expulsão escolar" (FREIRE, 1995, p. 46). Isso está relacionado ao despreparo científico dos educadores e a educação atrelada à ideologia elitista que alfabetiza não a partir da realidade do educando. Expulsar uma criança da escola é condená-la ao silêncio, se não tem como ler e escrever ou os faz de forma precária, não conseguirá manter relações verdadeiramente dialógicas em uma sociedade que existe pela palavra, dependerá de idéias e temas externos, e assim não conseguirá conquistar a própria autonomia. 

 [...] negando à prática educativa qualquer intenção desveladora, reduzem-na à pura transferência de conteúdos 'suficientes' para a vida feliz das gentes. Consideram feliz a vida que se vive na adaptação ao mundo sem raivas, sem protestos, sem sonhos de transformação. (FREIRE, 1995, p. 27). 


CAPÍTULO III - A HETERONOMIA A QUE PAULO FREIRE SE OPÕE


3.7 - NEOLIBERALISMO E A ÉTICA DE MERCADO



      As concepções de Paulo Freire me levam a pensar que hoje o neoliberalismo é algo que nega a autonomia, na medida em que promove uma crescente desigualdade social e, dessa forma, deixa a maioria das pessoas e nações em condições econômicas de pobreza. Situações de pobreza e miséria limitam a autonomia na medida em que restringem o poder de realizar. Ainda, a ideologia neoliberal amacia a verdadeira realidade, promove modos de pensar massificados, o que nega a liberdade de cada qual pensar por si mesmo, negando assim, a autonomia. Paulo Freire (2000a, p. 142) dá alguns exemplos desse amaciamento ideológico: o desemprego que é considerado pelos neoliberais uma desgraça da época, o pragmatismo pedagógico que treina em vez de formar afirmando que os sonhos morreram e o importante é preparar para o mercado de trabalho, etc. A globalização neoliberal é posta como uma evolução natural da economia, como se não houvesse outra opção, os países têm que se adaptar, independente das condições históricas com as quais o capitalismo se desenvolveu neles. Isso nega a autonomia das nações.
      "O discurso da globalização que fala da ética esconde, porém, que a sua ética é a ética do mercado e não a ética universal do ser humano, pela qual devemos lutar bravamente se optamos, na verdade, por um mundo de gente" (idem, p. 144). Paulo Freire identifica uma "ditadura do mercado" (ibid) que impõe uma ética do lucro, bem diversa da ética universal defendida por ele. "A liberdade de comércio não pode estar acima da liberdade do ser humano" (ibid, p. 146). Para que tenhamos um homem autônomo, a liberdade e a dignidade humana não podem ser desrespeitadas ou esquecidas em favor dos interesses de grupos econômicos.
      Os neoliberais possuem um discurso pragmático que sugere a simples adaptação, em vez da intervenção.
      A visão de História contida nesse pensamento imobiliza, leva ao determinismo. Freire (2003a, p. 33-34) destaca duas dessas visões deterministas, a primeira considera o futuro como pura repetição do presente, pensamento típico dos dominadores. Na segunda, o futuro é um pré-dado, uma espécie de sina, não é problemático, é inexorável, típico do povo que perdeu a esperança, a capacidade de sonhar. Esses pensares negam a História como possibilidade e negam o caráter criativo, criador, libertador da educação e a autonomia que os sujeitos devem conquistar por meio dela.
      Para Freire (1995, p. 32), a perspectiva neoliberal procura reforçar a "pseudo-neutralidade da prática educativa, reduzindo-a a transferência de conteúdos", reduzindo a formação ao treino de técnicas e procedimentos. Considera toda prática educativa que vai além disso, que procura superar a dicotomia leitura do mundo/leitura da palavra, leitura do texto/leitura do contexto, como mera ideologia (cf. idem, p. 32-33). Ainda, a educação de caráter neoliberal procura promover o individualismo com um discurso que incentiva os alunos a subir na vida por si mesmos, a terem sucesso material e profissional, e assim ensina as pessoas a desistirem de seus direitos à autonomia e pensamento crítico (cf. FREIRE e SHOR, 1987, p. 150). É o discurso da educação para a ética do mercado: bom é o mais forte. Essas concepções educacionais neoliberais mantêm e agravam uma situação social que nega a dignidade e limita a autonomia de grande parte da população mundial.
      Pelo tecnicismo, o neoliberalismo reduz o homem a um simples objeto da técnica, em vez de autônomo transforma o ser humano em autômato. Sendo autômato, não tem determinação própria, é determinado por outro e assim, é heterônomo. "[...] o indivíduo cessa de ser ele mesmo; adota inteiramente o tipo de personalidade que lhe é oferecido pelos padrões culturais e, por conseguinte, torna-se exatamente como todos os demais são e como estes esperam que ele seja" (FROMM, 1977, p. 150). Transformando-se em autômato, vive na ilusão de que possui vontade própria, de que possui estilo, opiniões e sentimentos próprios. O medo da liberdade e as dúvidas são substituídos pela ilusão de uma individualidade que possui sua segurança em uma autoridade externa. O autômato vive da ilusão da autonomia, mas na verdade é heterônomo.
      Os tecnicistas, "Deformados pela acriticidade, não são capazes de ver o homem na sua totalidade, no seu quefazer-ação-reflexão, que sempre se dá no mundo e sobre ele" (FREIRE, 1981, p. 23). É a racionalidade fria e calculista da civilização ocidental sobrepondo interesses egoístas e individualistas sobre os valores humanos e o bem estar comum. A civilização ocidental "Degenerada num projeto de mundo identificado com o des-amor da ganância fratricida, da posse, do lucro e da especulação financeira, conduziu a humanidade à beira da destruição total" (ANDREOLA, 2000, p. 24). Penso que as configurações atuais do mundo ocidental são um alerta; o projeto neoliberal está negando às pessoas do mundo, a possibilidade de viver com mais dignidade e autonomia. Em vez disso, está levando o mundo à beira da autodestruição. 




CAPÍTULO III - A HETERONOMIA A QUE PAULO FREIRE SE OPÕE

3.8 - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A HETERONOMIA HOJE
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      Um dos aspectos que definem nossa época é a falta de sentido, o que pode estar associado à perda de horizonte (cf. TAYLOR, 1997, p. 35). As configurações tradicionais perderam a credibilidade, não há mais nada que se apóia na natureza do ser, tudo parece se apoiar em interpretações humanas mutáveis. Essa perda de horizonte foi antecipada especialmente por Nietzsche (1844-1900) na obra A gaia ciência, nas palavras de seu louco: "Para onde foi Deus?... Nós o matamos - vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar todo o horizonte?" (NIETZSCHE, 2001, p. 147-148). A falta de horizonte se reflete na crise de identidade que é uma forma de desorientação, ela geralmente é expressa pelas pessoas em dúvidas como não saber quem são, e não saber em que posições se colocam. Isso é perceptível hoje em qualquer círculo humano, inclusive em sala de aula. Uma das perguntas mais freqüentes que tenho ouvido como professor no ensino fundamental trabalhando em escolas públicas é: Para que estudar? Essa pergunta poderia ser confundida com uma pergunta/pretexto para não estudar, coisa de adolescente. Mas é muito mais que isso, ela é reveladora da perda de horizonte, da desorientação, da falta de sentido, que as pessoas em geral vivem hoje. Isso é preocupante, pois quando as pessoas não têm um sentido próprio a partir de si e das relações que estabelecem, viverão de acordo com sentidos e sob orientações externas, o que as fará heterônomas.
      Há hoje um modo de vida instrumental48 que esvazia a vida de significado e ameaça a liberdade pública (TAYLOR, 1997, p. 638). As pessoas não têm aspiração alguma na vida a não ser o que está ligado ao conforto frívolo, ao consumo desmedido, ao ganho de dinheiro. A auto-responsabilização que a liberdade pública e, conseqüentemente, a autonomia requerem, cede espaço para o individualismo e o consumismo. Uma das formas de a sociedade instrumental produzir esse comportamento é por meio das imagens de vida que apresenta e cultua. Essas imagens são transmitidas pelos meios de comunicação de massa, que ocultam os significados mais profundos e acabam "vendendo" ideais superficiais de vida. Os meios de comunicação de massa possuem hoje uma forte influência na formação das pessoas, em geral propõe uma visão despolitizada do mundo e procuram formar consumidores popularizando certos "ideais" e "padrões". Penso que isso tem se tornado um grave obstáculo para a autonomia.
      O modo de vida instrumental também dissolveu as comunidades tradicionais e os estilos de vida mais antigos, destruiu as matrizes onde o significado anteriormente podia florescer (cf. idem). Em conseqüência disso, os hábitos e as relações acabam se tornando cada vez mais parecidos, mais massificados. A massificação é uma forma de heteronomia, pois faz com que grandes multidões adotem valores e padrões que não se originaram de si ou de sua cultura. Além da tendência nociva de destruir a liberdade pública, o modo de vida instrumental solapa os focos locais de autogoverno, gera relações desiguais de poder que negam a igualdade política. Dessa forma, a democracia não ocorre, serve para manter privilégios e aumentar o poder dos já poderosos, mantendo e agravando situações de heteronomia. Por isso que Vattimo questiona a democracia atual. "A democracia como a praticamos já não funciona. Transformou-se em um sistema que idiotiza as pessoas para criar consensos favoráveis às classes dominantes" (VATTIMO, 2004, p. 3). Assim, a democracia se torna, em muitos casos, mais uma ilusão que oculta a realidade e mantém situações de privilégio, opressão, heteronomia. Note-se que se está colocando em questão a forma como a democracia está sendo praticada e não a própria democracia.
      A racionalidade de eficácia instrumental que sobrepõe as emoções, sentimentos, compulsões, possibilita uma espécie de distanciamento e autocontrole. Alguns filósofos românticos, Nietzsche, a escola de Frankfurt, etc., desenvolveram a idéia de que a hegemonia racional, o controle racional, pode endurecer-nos, secar-nos, reprimir-nos, o autodomínio racional pode ser auto-subordinação ou escravidão, ou seja, heteronomia. Há uma "dialética do Iluminismo", em que a razão que promete ser libertadora, acaba sendo seu oposto (cf. TAYLOR, 1997, p. 157). A razão humana que potencialmente é libertadora, promotora de autonomia, acaba sendo fonte de heteronomia. No entanto, esses filósofos em vez de condenar apenas a razão instrumental que ultrapassou seus limites intervindo em esferas da vida das pessoas que não eram de alçada instrumental, condenaram a razão. Isso gera um certo pessimismo, uma desesperança na possibilidade de humanização do mundo, o que contribui para a manutenção de condições de heteronomia.
      Outro fenômeno comum na atualidade que parece negar a autonomia é uma supervalorização da fama, o que está ligado à estetização da vida. "A vida superior é marcada pela aura da fama e da glória que se vincula a ela, ou, ao menos, aos casos notáveis daqueles que encontram nela um sucesso brilhante" (idem, p. 36). É claro que isso está relacionado aos meios de comunicação de massa e à difusão de certos ideais de vida. As pessoas querem se tornar visíveis, o que está sendo possível às massas pelas novas tecnologias que possibilitam expor ao público a própria vida privada. Ao se tornar visível, a vida privada se torna controlável e isso pode representar um risco à autonomia. Já o fato de viver buscando a aura da fama representa heteronomia na medida em que envolve a abdicação ao viver autenticamente em nome do viver segundo um padrão estabelecido por outro. Esse padrão estabelece modos de vida, hábitos de consumo, ideais, que massificam e fazem as pessoas se distanciarem de sua cultura de origem.
      Nas escolas há hoje muitos resquícios da educação bancária, ainda ocorrem práticas verticais, antidialógicas, em que o aluno é tratado como um depósito, o que, como já foi visto, impede a gestação da autonomia. Além disso, as mudanças na sociedade brasileira estão, ao mesmo tempo, conferindo mais responsabilidade e dificultando o trabalho da escola. A nova configuração familiar, a cultura do consumo e satisfação imediata estão fazendo com que as crianças cheguem na escola, em geral, sem educação alguma da vontade, com valores distorcidos, e, como já foi dito, sem sentido próprio. Outro problema que perdura nas escolas de nosso país, embora esteja diminuindo, são os altos índices de reprovação e evasão. A exclusão escolar e a educação de má qualidade negam o direito de pensar. Ler e escrever são habilidades necessárias para a comunicação, e o pensamento é resultado da comunicação com os outros. Se alguém está impedido de se comunicar, também está impedido de pensar por não poder comunicar seu pensamento. E é essencial para a autonomia poder aprender a dizer sua palavra49 e pensar por si mesmo. 
CAPÍTULO IV - A EDUCAÇÃO PARA A AUTONOMIA EM PAULO FREIRE



      Paulo Freire propõe uma pedagogia da autonomia na medida em que sua proposta está "fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando" (FREIRE, 2000a, p. 11). Optamos por usar a expressão "educação para a autonomia" com o objetivo de enfatizar que a autonomia deve ser conquistada, construída a partir das decisões, das vivências, da própria liberdade. Ou seja, embora a autonomia seja um atributo humano essencial, na medida em que está vinculada à idéia de dignidade, defendemos que ninguém é espontaneamente autônomo, ela é uma conquista que deve ser realizada. E a educação deve proporcionar contextos formativos que sejam adequados para que os educandos possam se fazer autônomos.
      A temática da autonomia que ganhou centralidade nos pensadores e na educação moderna, ganha em Paulo Freire um sentido sócio-político-pedagógico: autonomia é a condição sócio-histórica de um povo ou pessoa que tenha se libertado, se emancipado, das opressões que restringem ou anulam sua liberdade de determinação. E conquistar a própria autonomia implica, para Freire, em libertação das estruturas opressoras. "A libertação a que não chegarão pelo acaso, mas pela práxis de sua busca; pelo conhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela" (FREIRE, 1983, p.32). Não há libertação que se faça com homens e mulheres passivos, é necessária conscientização e intervenção no mundo. A autonomia, além da liberdade de pensar por si, além da capacidade de guiar-se por princípios que concordem com a própria razão, envolve a capacidade de realizar, o que exige um homem consciente e ativo, por isso o homem passivo é contrário ao homem autônomo.


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