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quarta-feira, 10 de março de 2010

Atividades de Alfabetização para Alunos e Professores

Atividades de Alfabetização para Alunos e Professores

O DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA NAS SÉRIES INICIAIS


A aquisição da escrita pela criança não inicia na primeira série. Bem antes, o trabalho realizado na Educação Infantil contribui para um melhor desenvolvimento. Há toda uma preparação que passa por várias etapas até que o signo lingüístico seja internalizado. É preciso considerar as diversas formas de expressão que envolve movimento corporal, as artes plásticas, a fala e a expressão por meio do desenho.
Para Vygotsky, o domínio de um sistema de signos produzido culturalmente transforma o entendimento do indivíduo sobre a realidade provocando mudanças nos processos mentais do sujeito. Por meio da socialização a criança relaciona-se com o mundo exterior e adquire mais conhecimentos.
Para se comunicar com o mundo a criança utiliza diferentes linguagens como gestos, fala, jogos, escrita e desenhos.
Nós adultos, algumas vezes desconsideramos os rabiscos das crianças ou não entendemos que o grafismo infantil passa por evoluções que se assemelham entre as crianças mesmo pertencendo a diferentes meios culturais.
Nessas evoluções, primeiramente surge o rabisco caracterizado por movimentos motores de traço contínuo e emaranhado. O lápis praticamente não sai do papel. Ao adquirir maior controle motor, a criança começa a levantar o lápis do papel usando traços contínuos e descontínuos. É a fase da garatuja. Posteriormente vão aparecendo pequenos círculos isolados e os desenhos ficam menos enovelados. Na fase seguinte, a partir desses círculos começam a surgir figuras humanas com poucos detalhes. Nelas a criança projeta o seu próprio esquema corporal. Conforme melhora a sua consciência corporal, aumentam os detalhes e variações na representação da figura humana. Gradativamente vão melhorando suas produções. Além de figuras humanas, acrescenta casas e outros elementos da natureza.Os desenhos podem nos revelar emoções ou sentimentos internos das crianças, reproduzir crenças e costumes familiares ou o que os meios de comunicação transmitem. Temos que ter o cuidado para não fazer nenhuma avaliação a partir da nossa visão de adulto. A criança deve ser questionada sobre o que representa o seu desenho. Nenhuma produção ou comportamento infantil isolado deve servir como parâmetro para detectar problemas de aprendizagem ou psicológicos. Numa avaliação os desenhos podem ajudar, mas devem ser observados vários aspectos e em momentos diferentes.O desenho precede a escrita, por meio deste a criança representa objetos e situações.
Assim como a evolução no desenho, a criança também passa por etapas na construção da escrita. Emília Ferreiro mostra em suas pesquisas feitas diretamente com crianças como elas constroem a escrita e como evoluem em diferentes fases do aprendizado.
Para o professor alfabetizador é importante conhecer e acompanhar o nível de desenvolvimento de seus alunos na construção da escrita para direcionar o seu trabalho conforme as necessidades dos seus alunos.
Conforme Emília Ferreiro, no nível Pré-Silábico o alfabetizando ainda não tem consciência que escrever é representar os sons da fala. Na escrita mistura qualquer letra, relaciona a palavra com o tamanho do objeto. Não há correspondência gráfica com sons.
No nível Silábico a criança já tem consciência do que a escrita representa. Percebe que os sinais correspondem aos sons. Acredita na hipótese de que a cada sinal gráfico corresponde uma sílaba. Percebe que a palavra como um todo é constituída por partes.
O terceiro nível é o Silábico Alfabético. Este dá ao observador a impressão de que o aluno está “comendo letras”. Ao comparar sua escrita com escritas impressas ou do professor, ela percebe que estão faltando letras. Isto provoca conflito cognitivo que é fundamental na aprendizagem. Esta perturbação serve como impulso para avançar no aprendizado.
Quando o alfabetizando já é capaz de escrever como fala, quando sua mensagem é entendida mesmo que não conheça todas as irregularidades na representação dos fonemas, a criança está no nível alfabético.
Até alcançar esse nível, um longo caminho deve ser percorrido. Proporcionar atividades que levem as crianças a refletir sobre o sistema de escrita. Trabalhar com o nome, com poemas, canções, histórias, trava-línguas, rimas, listas com nomes de frutas, de brinquedos, produções coletivas e reestruturação de texto com auxílio do professor são atividades recomendadas.
Antes de aprender a escrever a criança precisa entender que ela também pode desenhar a fala utilizando símbolos e saber expressar seus pensamentos através da fala. Proporcionar diariamente atividades de expressão oral é fundamental nos primeiros anos escolares. Precisa pensar primeiro e depois escrever. A finalidade da escrita é a comunicação por meio do registro visual dos sons da fala.
Desde o início do processo da escrita a criança deverá visualizar as letras do alfabeto como apoio nos diferentes tipos de letras, pois no meio social, elas diferem em formatos e cores. Sugerem-se cartazes de preferência fixados acima do quadro para facilitar a visualização conforme o exemplo:
Considero importante que o professor combine com seus alunos qual será o tipo de letra utilizado para não haver misturas. A total liberdade da criança em escolher qualquer tipo de letra dificulta a alfabetização e a legibilidade da escrita. Orienta-se que para o início da alfabetização a letra mais indicada seja a letra maiúscula, conhecida como “caixa alta”, pela facilidade do traçado na fase em que a criança ainda apresenta dificuldades motoras ou perceptivas. Por se tratar de caracteres isolados facilita a contagem das letras, pois é importante para que a criança possa fazer a relação entre símbolo e som.
Além da facilidade do traçado bem definido da letra “caixa alta” e acelerar o domínio da escrita também evita confusões que as letras de imprensa minúsculas podem ocasionar como no caso do b e d ou p e q que podem ser facilmente confundidos pela criança.
Como alfabetizadora não considero necessário e nem recomendável utilizar as letras de imprensa minúsculas na escrita da criança, seu uso justifica-se apenas na leitura. Por isso, ressalto a importância da visualização do alfabeto onde a criança possa se apoiar e internalizar o formato de cada letra.
A escrita requer apenas o conhecimento do traçado das letras e a correspondência aos sons. Implica num conhecimento mais profundo dos conceitos lingüísticos. Para isso faz-se necessário um intenso trabalho de percepção visual e auditivo relacionando palavras com sons iniciais ou finais iguais, quadrinhas com rimas, trabalho com rótulos, trava-línguas onde sons se repetem, nomes de pessoas, de objetos, produção de texto coletivo são atividades que podem auxiliar na aceleração do processo de leitura e escrita.
A letra cursiva no início da alfabetização aumentaria a dificuldade para a criança se alfabetizar. O traçado dessa letra exige uma boa coordenação motora. A partir do entendimento de como ocorre a combinação, após estarem lendo, os alunos por iniciativa própria adotarão a escrita com letra cursiva. Essa transição será tranqüila se foi proporcionado contato visual com a letra cursiva no decorrer do processo de alfabetização.
Escrita e leitura andam juntas, uma aperfeiçoa a outra. Exercitar diferentes produções textuais e reestruturação de textos escritos pelas crianças aumenta cada vez mais a autonomia e o entendimento da estrutura, organização de idéias e os elementos gramaticais que fazem parte do texto.
Tudo passa por um bom planejamento, ambiente alfabetizador, material adequado, muito preparo e dedicação do professor. Este necessita ter conhecimento sobre o desenvolvimento infantil e como a criança aprende melhor.
Assim como a criança aprende a falar naturalmente, a escrita não pode ser uma atividade que exige esforço, muito pelo contrário, deve ser construída aos poucos e de maneira prazerosa e interessante. Escrever não deve apenas ser um exercício escolar, é uma forma de comunicação que deve se estender para além dos limites da escola deve fazer parte da vida.
Quanto maior a familiaridade com materiais escritos, maior facilidade a criança terá em reconhecer, compreender o texto escrito e os seus usos.




Referências Bibliográficas

CARVALHO, Marlene. Guia prático do alfabetizador. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1995.
FERREIRO, Emília. Alfabetização em Processo.
LEITE, Márcia, Delorme Maria Inês. Um Salto para o Futuro. MEC Programa 06. Data: 19/04/95.
SERKES, A. M. B; MARTINS, S.M.B. Trabalhando com a Palavra Viva Ed. Renascer LTDA vol I, 1996.
VYGOTSKY, L. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

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